domingo, 28 de dezembro de 2008

vulnerabilidade, a palavra:

Não sei até que ponto tudo isto é bom.
Sempre soube lidar com tudo, mas tu vieste abalar todos os alicerces...

Não há palavra que eu te diga que não seja verdade - e isso é que me assusta. Dantes as palavras não tinham significado, apesar de haver palavras proibidas, outras eram jogadas no tempo certo mesmo que fossem mentira.

e agora não há uma que não seja verdade. Não sei se estou a gostar de palavras tão sinceras...

Gosto e não gosto. gosto e não gosto.

Também não sei para onde foi a minha desconfiança, no passado as pessoas diziam-me as coisas e eu não acreditava, procurava provas e ficava sempre com um pé atrás.
Agora cada palavra que tu dizes eu acredito! Como é possível?

Falaste em esperar. Eu esperei um bocadinho, não muito porque eu sou impaciente, até que surgisse a palavra que definisse isto tudo.


'Vulnerabilidade'
É disto que eu não gosto.

O amor é novo, mas inegável. A paixão e a luxúria ainda menos. Mas o facto de sentir que não estou nas minhas mãos, isso assusta-me um bom bocado...


Estou nas tuas mãos sabes? Vê lá o que fazes pah.
Entreguei-me apesar da tua alegada instabilidade, bla bla bla whiskas saquetas, não me interessa. Instabilidade é o meu nome do meio também.
Entreguei-me apesar de saber que somos muito iguais e de saber que há montes de coisas que nos podem fazer falhar.
Guess what? Quero lá saber! 'CAGUEI'

Se nós acabarmos só amizade, é na paz, mas agora não estou com o botão desligado.



(e a distância aumenta, pessoas novas, mais vulnerabilidade - não devia ser ao contrário?)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor?... As nossas bocas juntas!...

Florbela Espanca


As ilusões estão defuntas agora
Só o seu fantasma passeia nos corredores
Mas não me assusta, pois ilusões dos dias de paixão
São memórias de amor numa caixa de cartão.
Sabes que essa caixa está na minha secretária? Está fechada, mas eu sei bem o que tem guardado...
E não me importo de olhar para ela, ainda bem que a tenho! É sinal que vivi os dias contigo e isso eu não trocava, apesar de tudo...
Apesar dos orgulhos do outro mundo que assassinaram as ilusões
Estou bem porque não quero muito mais do que tenho...
Porque há ilusões que ainda se podem espreitar só porque são bonitas e se pode fechar a caixa a seguir, e pôr um bocadinho de fita cola para só saiam quando quero.




O resto, meu Amor, já tu sabes!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Eles disseram que o mundo era redondo!

Eles disseram-me que o mundo era redondo.
Eu não acreditei...
Verde mundo não azul, fui eu que o criei!

Montanhas submarinas
Com estrelas a voar:
Vácuo a cantar [la la la la sssssssshhhhhhhhh]

É o apocalipse da imaginação etérea
Perene desta vez -
TU NÃO VÊS?

Corta os pulsos nas beiras
do mundo quadrado que criaram para ti
c a i r p a r a o v a z i o
















Eles disseram que o mundo era redondo.
Eu acreditei.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A rapariga.

Ela estava numa encruzilhada, numa bifurcação do caminho.
Três semanas antes tinha enveredado por uma estrada, que se tornou uma autoestrada de emoções. Tudo lhe dizia que essa estrada era curva, mas ela só via rectas há sua frente - nada indicava que era preciso travar... Por isso deslizava no piso e gostava, sentia o vento e a adrenalina da liberdade, da felicidade, da primeira paixão verdadeira por si, pela vida, por outra pessoa.

Foram três semanas de palavras verdadeiras, digitais e analógicas, silenciosas às vezes.

De repente, foi vista por outros. E um muro apareceu à sua frente - perto, tão perto que ela se perguntou como não o tinha visto. E de cada lado desse muro apareciam duas estradas.

A estrada da esquerda parecia mais acessível, com uma curva menos apertada, uma estrada mais recta, mais lisa, uma estrada comum. Tinha riscos em pequeno grau, mas todos iam gostar que ela a seguisse.
A estrada da direita era íngreme, de paralelepípedos, tinha risco em grandes quantidades e apenas uma pessoa a apoiá-la. Ela sabia que essa era a pessoa certa, que tinha com vindo com ela na viagem da paixão, adrenalina, felicidade e amor daquelas três semanas e sabia que essa pessoa ia acompanhá-la durante muito tempo (se escolhesse a estrada dela).

Uma escolha solitária. Segundos pareciam anos, enquanto derrapava. A estrada da esquerda berrou, destruiu a estrada da direita - e o medo sobrepõs-se. Derrapou para um lado, [lembrou-se do amor] derrapou para o outro, mas o M E D O (imesurável entidade) puxou-a para a esquerda...

O caminho é mais fácil, a paisagem pode não ter beleza mas não é selvagem nem tem perigos: mas falta A pessoa. A pessoa que deu sentido à viagem e à vida.

Ela, a rapariga da encruzilhada, esqueceu-se no entanto de uma coisa - a dor. A dor tão forte que a imobilizou! A dor do vazio de já não ter companhia na viagem.

Agora está parada, na berma da estrada, a ver a região árida e a pensar nas três semanas - a sentir o que são remorsos e saudades.
A culpa era toda dela de não ter ido pela direita.
A dor fá-la chorar.
A saudade é profunda (e ainda há pouco derrapou!) e fá-la ficar a relembrar.
As viagens pararam. Não mais serão feitas.







O sorriso foi, mas tu ficaste.
Perdemos tudo, mas tu ficaste.
E vais ficar em mim, por mais que
percorras outras estradas...

Por mais que não me olhes,
O teu olhar vai ficar.
Por mais que não me fales,
A tua voz vai ficar.

E eu vou ficar na beira da estrada,
a estrada que escolhi,
enrolada a sentir a tua falta
.